quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Temporão rides again

De tempos em tempos, certamente porque todos os problemas importantes da sua pasta estão sobejamente resolvidos - os hospitais atendem com hora marcada, as emergências não estão superlotadas, os equipamentos médico-hospitalares estão sobrando, os profissionais de saúde têm salários tão bons que fazem fila para trabalharem na área pública, não se escuta mais falar em casos de dengue, muito menos de malária, jogam-se fígados, córneas, rins, pâncreas e corações fora porque não há mais ninguém nas filas de transplantes - o ministro Temporão cria o que o alcaide do Rio convencionou chamar de factóide!

Desta vez é a proibição de áreas para fumantes em restaurantes, bares, shoppings e outros locais fechados! Alega que não funcionam! É claro que dá trabalho estabelecer padrões que funcionem, e fiscalizar o seu cumprimento (até porque teria que ter o fiscal do fiscal...deixa pra lá!). E, como dá trabalho, é mais fácil proibir!

Não quero entrar na discussão do fumo passivo versos ativo, mesmo porque para tudo existem estatísticas e estudos científicos que podem ser brandidos conforme o interesse de cada lado dessa contenda, mas me preocupa, isso sim, o crescente, continuado, e avassalador à vontade com que o Estado resolve decidir o que é, ou deixa de ser, bom para cada um de nós cidadãos!

O problema referido pelo ministro seria completamente resolvido com a obrigatoriedade de se afixar na porta de cada estabelecimento a informação se ele aceita ou não "não-fumantes" (ou fumantes tanto faz). O dono de cada estabelecimento decide que tipo de clientes quer. Os fumantes e não fumantes escolhem se querem ou não frequentar o lugar! Simples! Sempre haverá locais sem fumaça e locais com fumaça. Se o local for tão bom, ou a companhia tão agradável, que valha a pena o sacrifício de uma hora sem fumar num estabelecimento que não o permita (ou, ao contrário, com fumaça para quem não fuma) o indivíduo frequenta o local. Senão, vai para outro que atenda às suas exigências!

Quem tem que decidir é o indivíduo! Não o big brother de plantão!

Daqui a pouco o Sr Temporão vai querer proibir sexo em motéis e hotéis para diminuir a AIDS, o consumo de carne vermelha para conter o colesterol (e de massas para diminuir a obesidade crescente), a ida à praia durante o dia para evitar o câncer de pele, prédios com elevadores e escadas rolantes para que a população faça o tão necessário exercício!
Tudo, evidentemente, com a melhor das intenções de proteger a saúde de cada um de nós!

Sr Ministro, cuide do que o governo tem que fazer (e não faz), e deixe que o que é melhor para mim eu sei decidir!

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo em gênero, número e grau, não necessariamente nessa ordem. E se o objetivo do local for justamente tomar um vinho apreciando um bom charuto? O dono do estabelecimento é quem deve ter o poder de aceitar ou não fumantes.

Isso tudo porque a pressão popular dos "anti-tabagistas" é muito forte. Há 15 anos atrás fumava-se em tudo o que é canto e ninguém ficava dando tossidinhas e olhando feio. A fumaça do cigarro não ficou pior de lá pra cá. Não sou um defensor do cigarro ou dos fumantes, mas em certos casos o "anti-tabagismo" é pior do que o feminismo! Tem alguns praticantes dessa seita que parecem até pastores evangélicos prontos a converter qualquer um que vejam na rua.

Portanto, faço um apelo aos não-fumantes: se não gostam de cigarro, procurem um lugar que não os aceite. Aqui no Rio, mesmo, há vários bons estabelecimentos que não o permitem.