quinta-feira, agosto 24, 2006

Do nosso espírito de colônia (ou, eu prefiro a bunda...)

Não sei muito bem de onde vem, talvez do fato de nunca, como Nação, termos sofrido séria ameaça externa, (nem a nossa independência teve que ser duramente batalhada, - devemos ser dos poucos casos de independência outorgada!...), o fato é que temos uma propensão marginal a aceitar o que vem de fora como melhor do que o que é indígena.

Uma determinada camada de nossa sociedade, a dita “emergente”, principalmente, vai internando vocábulos e estilos de vida que não têm nada a ver com a nossa realidade, tranformando-os em modismos e, até pela grande ignorância que permeia boa parte da nossa população, o processo de cópia, qual pedra no lago, vai espalhando o seu uso e, relativamente pouco tempo depois, esse novo vocábulo/hábito/objeto de desejo/padrão de beleza, acaba por substituir o seu equivalente tupiniquim, quando ele existe.

É, já nem percebemos ...mas..

Acordei hoje de manhã e tomei apenas um cafezinho (já que tinha um brunch dali a pouco). Enquanto folheava o jornal, de onde gritavam anúncios de imóveis : - Venha morar nas Highlands! -Casa à venda no Winbledown!, -Seu consultório no Medical Center!, -Seu escritório nas Towers XPTO!, escuto minha mulher, ao telefone, combinando se encontrar com uma amiga no mall do shoping Downtown, que, pelo papo, está recoberto de cartazes de sale 50% off: – Não! Só depois das três da tarde, porque primeiro tenho fitness ( ou seria peeling? ou lifting? – confesso que não prestei atenção).
Saio, ligo a van e sigo pela freeway para chegar rápido.
O brunch, para variar, foi cansativo, com alguém tentando me convencer a implementar o downsizing na empresa, tal como (após um produtivo brain storm) o CEO da Cia X teria feito com ótimos resultados...
Como chego tarde ao escritório, desmarco um almoço agendado para uma steak house qualquer, e substituo o T-Bone, que comeria, por um cheeseburger do McQualquercoisa mais próximo, trazido em 5 minutos por um motoboy do serviço de delivery.
Na volta para casa um imenso outdoor me avisa que vai começar um campeonato de beach soccer!
Já em casa o telefone toca e é alguém que informa que estaremos enviando algo que eu não preciso e recuso.
Ao jantar fico sabendo que a tal amiga, a do shoping, vai colocar 350 ml de silicone em cada seio, porque o must agora, segundo ela, é ter peitões! (fico imaginando se não seria interessante cada implante de, sei lá, 200 ml? de silicone vir acompanhado de um mamilo extra...)

O texto acima, condensa, em breves linhas, um pouco da realidade em que vivemos e à qual me referi no alto.
Parte dela, embora com alguns arranhões nos ouvidos, vou aceitando como inevitável.
Agora, querer-nos impor, a nós homens brasileiros, um padrão californiano de mulher em que o must são os peitões siliconados!?
Aí também não!
Assim já é demais!
O "must" da mulher brasileira, o que a distingue de todas as outras do mundo inteiro, o que povoa os sonhos de homens de todos os quadrantes, é... a bunda.
A bunda graciosamente empinada, com um movimento todo especial ao caminhar que nos faz ... deixa para lá!...

Assim, conclamo os homens brasileiros a que nos unamos numa cruzada e brademos alto e bom som:

-Abaixo os peitões colonialistas!

-Viva a bunda brasileira!


1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo!
Desculpa, mas melhor do que esse texto é o anúncio Google relacionado a ele...