sexta-feira, novembro 09, 2007

A "Redescoberta" da Bacia de Santos

Há diversos anos que a Petrobrás sabe da existência de óleo de boa qualidade na Bacia de Santos.

Em Setembro de 2005 pode-se ler na Gazeta Mercantil:

O grande desafio da Petrobras agora é extrair o óleo a 6.000 metros de profundidade. A ousadia de ir mais fundo rendeu à Petrobras o que deverá se tornar a mais valiosa reserva de petróleo e gás já encontrada. A estatal encontrou óleo leve - de excelente qualidade - a 6.000 metros de profundidade, na Bacia de Santos, numa prévia da jazida gigante que avista. O gerente- executivo de exploração e produção da estatal, Francisco Nepomucemo, revela a expectativa que a companhia vive, após a descoberta. "É uma nova província petrolífera no Brasil. Não está concluído o poço; vamos perfurar mais para fazer o teste de produtividade (volume) do óleo e confirmar a existência de um reservatório", comemora com cautela. Ele prefere não falar em quantidade antes dos testes de confirmação, mas admite que pode ser volume suficiente para revolucionar os planos da estatal.

"Só digo que confirmando a descoberta e a produtividade dessa área aumenta muito o potencial petrolífero da Bacia de Santos. É o grande potencial do Brasil hoje", disse. Há uma semana, a Petrobras comunicou ao mercado a descoberta de indícios de hidrocarbonetos no seu poço mais profundo, no bloco BM-S-10 a 6,4 mil metros de profundidade, na Bacia de Santos.

Descoberta província de petróleo...

Santos deverá se transformar na principal opção ao esgotamento da Bacia de Campos. As companhias notificaram a descoberta no dia 21 de agosto à Agência Nacional do Petróleo (ANP). "Se a gente descobre gás e óleo leve nesse horizonte, toda a área em volta fica com esse potencial", acrescenta Nepomuceno.

Confirmadas as expectativas de reservas gigantes de petróleo leve em águas ultraprofundas, Santos passa a ser a principal opção da estatal ao esgotamento dos atuais campos da Bacia de Campos. Mais perto do mercado consumidor, com óleo de excelente qualidade e gás, a região possui, até então, reservas da ordem de 2,5 bilhões de barris (com o gás do campo de Mexilhão (BS-400) e o óleo leve do BS-500).

Se assim é, porque é que o assunto veio agora à baila?
Certeza não tenho, mas, especulando, chego à conclusão de que a Petrobrás, que há muito tempo, desde que acabou o monopólio de exploração, se insurge contra os leilões de blocos de perfuração, voltou à carga, no Ministério das Minas e Energia, para tirar do leilão que ocorrerá no final deste mês, as áreas em que os poços, se perfurados, atingiriam o mesmo reservatório de cuja existência ela já tinha certeza e que vem mapeando nos últimos anos com perfurações teste.
Levados os dados ao MME, o Governo viu aí uma ótima oportunidade para, trombeteando a "descoberta", desviar a atenção para os problemas de abastecimento de energia que surgiram semana passada.
Também não me surpreenderia se a Petrobrás tivesse usado a obrigação imposta pela Presidência da República de investir na Bolívia, em que os riscos de prejuízo são sabidamente grandes, para "exigir" como compensação a retirada dos lotes de perfuração limítrofes aos da Petrobrás do leilão!

De um jeito ou de outro é muito bom que essa bacia petrolífera exista e que a Petrobrás consiga torná-la economicamente viável, indo buscar o petróleo a mais de 6000 metros de profundidade!
Não é fácil, e muito menos barato, extrair óleo a essa profundidade (cada poço pode custar até US$ 5 bilhões). Esperemos que a capacidade de investimento da Petrobrás permita que o tempo para tornar operacionais esses campos seja o tempo que o País precisa!

Observação: embora a bacia seja conhecida como Bacia de Santos, os primeiros poços estão ao largo do Estado do Rio de Janeiro, enfrente a Paraty!

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