quinta-feira, setembro 20, 2007

DEGRADAÇÃO

Não se pode dizer que o ambiente que se respira atualmente seja propício para menores. Se tivéssemos que ensinar aos nossos filhos o que é a cena pública, teríamos dificuldades em mostrar como ela se estrutura em função da moralidade. Seria como exibir filmes pornográficos. Há um clima geral de degenerescência que parece contaminar todas as instituições. A ausência de esperança se faz particularmente presente, pois o partido que dela tinha feito uma bandeira de luta mostrou-se, no poder, o partido da quebra de expectativas: a desesperança personificada.

A situação se agrava ainda mais pelo fato do PT ter aparelhado não apenas o Estado, mas a sociedade também. Prova disto é que não há manifestações populares em relação à corrupção e ao desvio de recursos públicos vigentes. A apatia aparece como um estado de espírito nacional. Ela é, no entanto, o reflexo deste aparelhamento, na medida em que setores importantes da sociedade civil deixaram de pensar por si mesmos. A UNE tornou-se um apêndice de vários partidos esquerdizantes que se disputam o poder. Num certo sentido, pode-se dizer que ela se afastou dos estudantes em geral, perdendo representatividade e não interferindo na cena pública. Os sindicatos, como a CUT, além do seu engajamento partidário, estão cada vez mais atrelados ao governo. Há poucos dias atrás foram brindados com uma soma enorme de recursos, dos quais poderão dispor livremente. Depois do PT ter esbravejado contra o populismo, ele acaba de se converter ao peleguismo por tanto tempo abjurado.

Neste contexto, ganha particular importância a absolvição do senador Renan Calheiros, com o apoio ostensivo do Palácio do Planalto e do PT.
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O exemplo dado foi: a lógica da impunidade continua presidindo os destinos do Brasil.
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Não esqueçamos que uma sociedade democrática vive de um Poder Legislativo forte.

Por último, convém frisar que o PT, em seu último Congresso, aprovou uma resolução de eliminação do Senado, enquanto instituição completamente prescindível da vida democrática. O seu comportamento de aviltamento dessa instituição, particularmente claro em seu apoio ostensivo à absolvição de Renan Calheiros, ciente de que sua atuação terminaria num imenso desprestígio ao Senado, não deixa de ser coerente com suas posições políticas. Há uma afinidade eletiva entre o abandono da ética na política e o enfraquecimento político do Poder Legislativo.

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