quarta-feira, junho 13, 2007

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O PETISMO CRAVA SUAS RAÍZES NO ESTADO PATRIMONIALISTA

O que farão as massas de estado-dependentes da bolsa-esmola no momento em que o poder de financiamento desses programas assistencialistas se exaurir e os virtuais sucessores de Lula (possivelmente não-petistas em algum interregno democrático) tiverem que lidar com a necessidade de “cortar a mesada” dos miseráveis deserdados por falta de recursos públicos?

Aqui há um duplo problema de extrema gravidade.

Em primeiro lugar, há o sério risco de explosão social contra o governante que tiver o azar de se expor a essa situação e à necessidade de tomar essa decisão, ante a virtual impossibilidade de migrar, de forma gradual, para outras políticas econômico-sociais responsáveis. Morre aqui, o mito alimentado pela mídia chapa branca, que vende Lula como um governante que não é irresponsável como os antigos populistas.

Em segundo lugar, há, escondida por detrás dessa dita “política social”, a lógica perversa da volta de Lula (ou do PT, ao governo), após o fracasso anunciado de um eventual sucessor não-petista de Lula. A bomba-relógio acima descrita, deixada propositadamente no colo dos futuros governantes é o artifício. Foi uma armadilha dessa natureza que soldou o voto dos beneficiários diretos e indiretos do bolsa-esmola ao novo “pai dos pobres”, através do argumento eleitoral: “se votar em outro que não Lula, você vai perder a mesada.”

A futura “saudades de Lula”, dessa forma, é a avenida que o PT está construindo para a preservação das bases sociais do seu poder sobre a nação, estando ou não Lula no governo. Fincando raízes dessa forma nas camadas menos favorecidas da nossa sociedade, e que seguirão desfavorecidas se não lhes forem dadas condições de sair da pobreza, os petistas cravam raízes sólidas nas entranhas mais arcaicas da sociedade brasileira, sem o voto das quais não se faz maiorias eleitorais no país.

Paulo Moura


Artigo completo aqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Por mais que concorde que essas medidas assistencialistas não estão resolvendo nada, não acredito nessa "artimanha" de "saudades do Lula". Como ele, algum sucessor adversário pode dar continuidade a essas medidas. Da mesma forma, a "bomba" poderia estourar na mão de algum possível sucessor aliado, por escassez de recursos, como diz o autor do texto.
Que são medidas populistas, não há dúvida, e portanto visam, entre possíveis objetivos nobres, conquistar essa camada de eleitores. Mas uma "estratégia" desse tipo seria risco demais para nenhuma garantia de sucesso. Resumindo: além de patrimonialismo, imbecilidade. E burro o Lula não é.

Paulo C Moreira disse...

Que essa farra terá que acabar um dia é certo, sob pena de estarmos condenados a ser uma eterna republica das bananas. O que o artigo foca, são as formas de o PT se entranhar no Estado e no poder.
Nenhum sucessor de Lula, que não seja responsável, acabará com o bolsa esmola.
Com responsabilidade e investimentos em saúde e educação, será possível ir trocando bolsistas por trabalhadores.
Mas isso não está sendo feito, e , segundo o artigo, nunca o será pelo PT, a quem interessa esta situação.
Par investir no fundamental e gastar no bolsa esmola,faltará dinheiro. Mas um govêrno populista sempre abrirá mão de investir, portanto essa bomba só poderá ser desarmada por quem não o fôr.