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O Dossier Jungmann
O deputado Raul Jungmann está sendo acusado de desvio de dinheiro público. Nem dá para entender como essa denúncia não apareceu antes.
O ex-comunista Jungmann está muito em evidência há bastante tempo. Liderou o movimento que impediu Renan Calheiros de abafar a CPI das sanguessugas, faz uma oposição consistente ao governo, lidera o movimento para libertar o Congresso do jugo do presidente da República.
Ou seja, é um pecador.
O Ministério Público é aquilo que se sabe. Foi bravo no processo que levou à cadeia o deputado-motossera Hildebrando Pascoal. Foi arbitrário na invasão da residência de Chico Lopes, num ato que lembrou os costumes da ditadura militar. Foi irresponsável no processo que infernizou a vida de Eduardo Jorge Caldas, acusado de tráfico de influência. Depois o ex-secretário de FH foi inocentado. Mas só depois. O problema é o antes. O antes é aquela fase em que o sujeito circula por aí com o carimbo de corrupto na testa.
Esses jovens procuradores são muito inteligentes, preparados e conscientes do sentido de missão que há em seus cargos. Essa missão, muitas vezes, é defender os interesses do PT – como já deixou claro o famoso procurador Luiz Francisco de Souza, que anda sumido desde que seu partido chegou ao poder. A missão foi cumprida.
Assim é a geléia geral das instituições no Brasil. O presidente do Supremo Tribunal Federal faz política à luz do dia em favor de José Dirceu, e a vida segue. Cada um usa o chapéu que quiser no lugar onde bem entender.
Silvinho Pereira até hoje não entendeu qual era o problema de ser secretário do PT e ter uma sala no Palácio do Planalto. E deixou claro, em entrevista, que se sentia merecedor daquele Land Rover estacionado em sua garagem. Privatização é isso aí.
A ação contra Raul Jungmann, assinada por José Alfredo de Paula Silva e Raquel Branquinho (onde anda o Artur Gueiros? Saudades dele), tem a pujança literária de costume, falando em estrutura ilícita “nos moldes de uma quadrilha” e em esquema “chefiado” pelo ex-ministro Raul Jungmann. Sabem tudo de jornalismo, esses procuradores.
A acusação é de que houve contratos de publicidade no Incra feitos sem licitação, o que na linguagem vibrante dos autores se transforma em “desvio de dinheiro público”. Essa alegoria é importante, porque permite à infantaria do lulismo (ela nunca foi tão numerosa) dizer que, se o PT embolsou dinheiro das estatais pelo valerioduto, aí está um ex-ministro de Fernando Henrique pego também com a boca na botija.
No lusco-fusco da opinião pública acaba dando tudo no mesmo, embora haja uma diferença sutil: Jungmann não roubou (os procuradores não condenam por antecipação? Pois este espaço absolve por antecipação, e banca o que afirma) e os delubianos roubaram. Muito.
O dossiê Vedoin não deu certo, mas não há um só aloprado na cadeia ou mesmo respondendo à Justiça, portanto liberou geral. Agora está na rua o dossiê Jungmann, e a única certeza absoluta é de que outros virão. Te cuida, Gabeira.
Guilherme Fiúza
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