terça-feira, dezembro 05, 2006

Deputaria brasiliensis

"A Câmara dos Deputados perdoou nos últimos quatro anos 79% das faltas às sessões de votação no plenário sob o argumento de que os congressistas cumpriam “missão oficial autorizada”. O artifício permitiu que ao menos 37,5 mil ausências ficassem à margem do escrutínio público e alheias às punições que existem na Casa para os parlamentares fujões.
Em indício claro da existência de uma “indústria da falta”, as “missões” se concentraram em vésperas de feriados, épocas de festas populares e dias próximos a fins de semana.

Análise feita pela Folha dos registros de freqüência às 568 sessões da atual Legislatura – de fevereiro de 2003 a setembro deste ano –, aliada à apuração de diversos casos, mostra que a “missão oficial autorizada” é, usualmente, uma senha para justificar faltas ocasionadas por motivos que vão de compromissos eleitorais nos Estados à participação na festa de São João no Nordeste.

O esquema funciona assim: o deputado faltoso pede ao líder de sua bancada o abono da falta. Este encaminha um ofício à Mesa da Câmara, que, sem cobrar comprovante ou verificar a veracidade da informação, perdoa a falta alegada por “missão oficial autorizada”. Assim, caem na mesma vala um deputado que viaja para acompanhar investigações da CPI dos sanguessugas no Mato Grosso e outro que deixa Brasília para pular Carnaval.

A busca pelo abono da falta se dá por dois motivos: além da tentativa de evitar um desgaste de imagem pública: caso não seja justificada, a ausência resulta em desconto no salário e, se superar mais de um terço das sessões do ano, redunda em cassação de mandato."
Folha de S Paulo


O nobre deputado que mais recorreu ao expediente foi Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), não por acaso um dos cotados para presidir a Câmara.Foram 228 justificativas de falta sob esse argumento, o que representa 40% de todas as sessões do período.

E tudo isso, claro, com o nosso dinheiro

2 comentários:

Anónimo disse...

O problema é justamente esse: quem paga o salário desses senhores, que são os nossos representantes eleitos, somos nós, os otár... quer dizer, os eleitores. Eles deveriam ser a nossa "voz", mas se esbaldam com o nosso dinheiro. E decidem, em nosso nome, sobre os próprios rendimentos.

Essas "viagens" oficiais deveriam ser REQUERIDAS com antecedência, salvo em casos de urgência, quando deveriam ser acompanhadas da devida documentação probatória... Proponho CENSURA VERBAL imediata!!!

Vou passar a viajar em "missões oficiais autorizadas" nos dias de trabalho e ver se esse argumento cola aqui no escritório...

Paulo C Moreira disse...

Mandei um e-mail para o nobre deputado perguntando-lhe se ele não se sentia moralmente obrigado a devolver o salário.Até agora, cinco dias se passaram e nada de resposta...