quinta-feira, setembro 21, 2006

Oswaldo Cruz








Oswaldo Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga, na Serra do Mar paulista, em 5 de agosto de 1872. Filho de médico, acabou cursando a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se apaixonou-se pela microbiologia, um ramo da ciência que, naquele momento, promovia uma radical mudança na medicina — a chamada "revolução pasteuriana" —, devido às descobertas de pesquisadores como o francês Louis Pasteur e o alemão Robert Koch.
Graças,à generosidade do sogro, um próspero comerciante português, o jovem pesquisador segue, aos 24 anos, para Paris com a mulher e os dois primeiros filhos (a terceira nasceria na Europa). Ao se matricular no Instituto Pasteur, teve uma ótima surpresa: o diretor, Émile Roux, lhe concedeu uma bolsa de estudos, em reconhecimento à ajuda financeira que o imperador Pedro II dera à instituição.
Volta ao Brasil em 1989 e é nomeado para o Instituto Soroterápico na Fazenda de Manguinhos, onde na época funcionavam os fornos para queima do lixo do Distrito Federal e onde se chegava de trem (até à estação de Amorim) e de lá de lancha até um pequeno cais no meio dos manguesais pantanosos. A região era altamente insalubre!

Já naquela época os embates entre as unidades da federação quanto à saúde prenunciavam o que se iria passar hoje em dia: O Instituto Soroterápico, que em princípio deveria ser municipal, já começou federal, em 1900, quando o novo prefeito, Antônio Coelho Rodrigues, vetou gastos autorizados por Cesário Alvim, seu antecessor. A solução foi alojar o instituto na esfera da União, vinculando-o, no organograma da época, ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores!

Como a febre amarela era o principal problema sanitário do Rio de Janeiro, dando à capital a péssima fama internacional de cidade insalubre, criou-se por iniciativa de Oswaldo Cruz, um Serviço de Profilaxia Específica da Febre Amarela e se incorporou à DGSP o pessoal médico e das turmas de limpeza do Distrito Federal. Entre outras medidas adotadas, brigadas de mata-mosquitos — agentes sanitários munidos de larvicida e instrumentos apropriados para a eliminação dos focos — passaram a percorrer a cidade, lavando caixas d'água, desinfetando ralos e bueiros, limpando telhados e calhas, eliminando depósitos de larvas do inseto. (O que se repete até hoje, até porque o transmissor é o mesmo da dengue: o tristemente célebre Aedes aegypti).
Em seguida lança-se na campanha contra a peste bubônica, transmitida pela picada de pulgas hospedadas em ratos contaminados.
Parte da campanha consistia em comprar ratos, que seriam exterminados, e aqui um caso curioso, demonstrativo de que a "esperteza" do carioca vem de longe: alguns espertalhões, ávidos por "roer" (quase que escrevo "sanguessugar") as verbas da Saúde Pública, simplesmente se puseram a criar ratos para vender às brigadas de Oswaldo Cruz. Não faltou quem fosse capturá-los em outras cidades.O mais notório desses "empreendedores" era um certo Amaral, que soltou nas ruas toda uma equipe de ratoeiros a seu serviço. A Higiene acabou devendo tanto dinheiro a esse "negociante de ratos",que, detido e interrogado, declarou que comprava ratos, sim — "mas ratos cariocas, procriados, nascidos e apanhados aqui no Distrito Federal".
Apesar de tudo, a campanha foi um sucesso e reduziu o número de óbitos de 1344 pessoas entre 1900 e 1904 para 399 nos cincos anos seguintes
No entanto, uma doença nos rins vai-lhe roendo a capacidade de trabalho e é então nomeado prefeito de Petrópolis, cargo que assume em 17 de agosto de 1916, tornando-se assim o primeiro prefeito que a cidade teve.
Tão logo tomou posse, preparou um plano de governo que evidentemente incluía, entre outras metas, a construção de rede de esgotos e a organização dos serviços sanitários da cidade. Os carros de tração animal da prefeitura seriam substituídos por automóveis; uma linha circular de bondes elétricos ligaria os bairros de Petrópolis, e outra alcançaria o Rio de Janeiro; as margens dos rios ganhariam o azul das hortênsias; o ensino primário seria organizado; a educação física se tornaria obrigatória e parques seriam construídos para a prática de ginástica; por fim, seriam criados, no Palácio do Império, o Museu Imperial e Jardim Botânico.

Oswaldo Cruz não teve tempo para atacar a maioria dos ambiciosos projetos que tinha como prefeito de Petrópolis. Cada vez mais doente, poucos meses depois de empossado pediu licença do cargo, ao qual não voltaria, vindo a falecer em casa, na rua Montecaseros, em Petrópolis, no dia 11 de fevereiro de 1917, aos 44 anos de idade. A causa mortis: insuficiência renal.

Foi enterrado, no dia seguinte, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, debaixo de intensa comoção popular, com consagradora cobertura na imprensa e honras só reservadas aos maiores heróis nacionais.

Ao contrário de tantos outros heróis, no entanto, não seria esquecido. Sua obra está viva em Manguinhos, no Rio, sede do centro de excelência em pesquisa científica que é a moderna Fiocruz.


Fonte: Projeto Memória - Oswaldo Cruz

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