Cumã II, ou
impostos nas alturas, retorno nas profundezas
Até parece que o Futuro foi ontem
O Brasil lançou o VSB-30 rumo aos confins do espaço sideral!Na vida real, o que interessa mesmo é o foguete em si. Ele é um totem do futuro. Dá aos terráqueos a chance de ver, nem que seja por uma nesga de minutos, o que a espécie tem pela frente. Todo foguete traz o futuro de volta. E é um futuro muito mais confortável que a simples prosperidade, porque vem embalado em lembranças. O do VSB-30 é aquele futuro que se via da Terra em 1957, quando começou a corrida espacial.
Até parece que o Passado foi hoje
O Brasil perdeu no mar a carga útil que o VSB-30 levou ao espaço!Tudo para trazer à base, são e salvo, um cone pouco maior que um botijão de cozinha, equipado com pára-quedas, flutuadores, luzes de localização e sinais de rádio. Em suas entranhas, além da bandeira brasileira em miniatura, viajavam giroscópios, acelerômetros e outros instrumentos capazes de decifrar, em seis minutos e doze segundos, os enigmas da vida em baixa gravidade, como a “cinética das enzimas” ou a “difusão térmica de nanopartículas metálicas em materiais vítreos”.
Mas seis universidades – inclusive a de Hohenheim, na Alemanha – e quatro centros tecnológicos do governo brasileiro apostavam nada menos de nove experiências científicas naquela barafunda de fios e sensores. E, nesse ponto, o vôo da Cumã II acabou como acaba no país a maioria dos vôos ultimamente – cancelado.
A turma do resgate voltou de mãos abanando mais de cinco horas depois do lançamento. O tenente-coronel Fausto Ivan Barbosa, porta-voz da operação, avisou que não havia mais “chance alguma de encontrar a carga útil”. Isso ao mesmo tempo que a página oficial da Agência Espacial Brasileira anunciava o sucesso da carga inútil – ou seja, do foguete, que é tudo o que se desmanchou no ar para levar a sonda ao espaço.
1 comentário:
Ótimos artigos, realmente!
Enviar um comentário