quarta-feira, outubro 31, 2007

Mulher de malandro

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Top-top Garcia, confirmou ontem que o Brasil está negociando com o governo boliviano a retomada de investimentos da Petrobras para exploração de gás naquele país, apesar dos seguidos ataques do presidente Evo Morales contra a estatal brasileira. A intenção é que o pacote seja fechado nas próximas semanas, para ser publicamente anunciado durante viagem do presidente Lula a La Paz, ainda em novembro."
Da Folha de S.Paulo


Querem fazer da Petrobrás a mulher de malandro que gosta de apanhar, só que, mais uma vez, e já que ela é estatal, o prejuízo sairá do nosso bolso.
Mas será que não aprendem?

6 comentários:

Anónimo disse...

Há controvérsias...
Mesmo sendo sob condições não tão favoráveis, a exploração do gás natural naquele país é interessante para todos nós. Acho que nesse caso estão fazendo a coisa certa.

Paulo C Moreira disse...

A única controvérsia é de quanto vai ser a tungada do "amigo Evo". Se descumpriu todos os contratos que existiam, que garantias teremos que não descumprirá os próximos a serem assinados?
Qualquer "dor de barriga" interna em que seja politicamente interessante criar um "inimigo externo" para desviar a atenção de uma crise intestina (e não esqueçamos que país corre o risco de se dividir em dois), será motivo para fazer carga no símbolo máximo do capitalismo internacional: a Petrobrás!

Anónimo disse...

Se não fosse interessante correr o risco, não acredito que fossem fazê-lo. E não acredito que vão querer tornar o Evo inimigo externo - pelo menos se levarmos em conta a (falta de) reação do Lula naquele episódio - nem que se jogue com algo tão valioso para o Estado-governo como a Petrobras.

Paulo C Moreira disse...

A dor de barriga interna a que me refiro é a do governo boliviano. O país que está a ponto de sofrer uma cisão é a Bolívia. O inimigo externo, imperialista, é a exploradora multinacional Petrobrás.
Para a Petrobrás, no caso usada como joguete numa tentativa de contrabalançar a crescente importância do companheiro Chavez no xadrez geopolítico sul americano, o prejuízo não chega ser colossal, até porque, como boa monopolista que é, repassa para os preços que nós pagamos!

Anónimo disse...

Ah, sim. Mas continuo achando que dessa vez será diferente. Quando Evo foi eleito, a Petrobras já estava lá. Agora a empresa vai retomar as atividades de acordo com as condições impostas por ele.Melhor para ele e pior para nós. Mas se mesmo assim não fosse interessante, não acho que arriscariam.

Vamos torcer para que eu esteja certo. Caso contrário o incidente diplomático tomará proporções catastróficas (e maiores que o anterior), sobretudo para a Bolívia. Da última vez, desrespetiou-se o contrato, mas o argumento usado foi relevante - a "soberania" - dessa vez essa não cola. Se bobear até o Tio Sam mete o dedo nessa ferida.

Paulo C Moreira disse...

Não acho.
Por falta de investimentos, a Petrobrás não tem como, nos próximos três anos, atender ao mercado interno com as nossas reservas de Santos e Campos. Evo sabe disso, e sabe que o Apedeuta sabe! Por isso aumentou o preço, rasgando os contratos.
A Bolívia só vende gás para a Argentina e o Brasil. Mesmo com o crescimento da economia Argentina a níveis superiores ao nosso, o desvio de abastecimento para lá tem limites óbvios.
Se continuarmos aceitando, como o Apedeuta fez, os preços que eles querem, o abastecimento está garantido.(Os novos custos já foram repassados para nós consumidores, em três oportunidades ao longo do último ano).
O que se estuda são novos investimentos para exploração de petróleo, que, de todo, não nos faz falta, e que só servem para criar boa vontade e empregos na Bolívia)
Além do mais, se a negociação fosse tecnica seria feita pele Petrobrás, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, e não pelo sargento Garcia, assessor do Apedeuta!
Sem a desculpa da geopolíticagem, o certo seria aguentar os novos preços do gás, fruto da incompetência do Apedeuta em defender os interessses da Petrobrás,( que não tinha pressa em investir no processamento do gás de Santos e Campos porque o gás boliviano chegava barato), até o gás de nossas bacias chegar aos consumidores, e, então, dar uma sonora banana para o companheiro Evo.
Creio que o temor de um novo apagão elétrico por atrasos incompetentes do nosso governo, seja o verdadeiro motivo deste novo abaixar de calças planaltino!
Afinal, precisaremos de gás extra para tocar as turbinas das termoelétricas que estão em stand by...
O resto, até o pretexto geopolítico, é conversa para boi dormir.