Um balanço sério e detalhado do funcionamento produtivo do Congresso nos últimos quatro anos e meio de governo Lula com certeza vai revelar um resultado pífio
...
É claro que essa autofagia não nasceu de forma consciente, mas cresceu com a incompetência na gestão política e administrativa e se desenvolveu com a inacreditável repetição de erros cometidos por Lula e companheiros. Desde o episódio Waldomiro Diniz, em 2003, que atingiu em cheio o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o modelo escolhido para cooptar partidos e votos no Congresso se mostrou um enorme fiasco, porque levou para o governo políticos corruptos, cujos crimes, quando descobertos, paralisaram o Congresso e impediram a votação de matérias de interesse do Executivo. Por isso nesses quase cinco anos o Parlamento passou mais tempo perdido em bate-bocas - com parlamentares se xingando, se defendendo, se acusando, num debate estéril que nada constrói (a não ser desmoralização e prejuízos para a democracia) - do que votando leis de interesse do País e da população. O tiro do PT saiu pela culatra.
O erro maior foi banalizar a desprofissionalização de nomeações para cargos públicos, aceitando docemente chantagens partidas dos piores partidos políticos, os mais fisiológicos, os que claramente buscam extrair do governo benesses para seu grupo. Mas há também o erro da arrogância, de se considerarem os melhores, sem nada a oferecer que comprove. “Nunca antes neste país”, seguidamente repetida por Lula, é a frase da expressão desta arrogância. Vazia, ingênua e incrédula, virou anedota.
A arrogância (parceira da insegurança e da ingenuidade) estimulou um grupo de petistas a brincar de arapongagem e produzir um falso, tolo e primário dossiê para incriminar candidaturas tucanas em 2006. E é a arrogância do marketing político oco que faz Lula anunciar e lançar incansavelmente programas e obras que nunca são concretizados. “Quando voltar do exterior, vou transformar o Brasil num canteiro de obras”, voltou a prometer o presidente na semana passada. Depois de quase cinco anos, seria o empacado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou as natimortas Parcerias Público-Privadas (PPPs)?
Uma rara, mas visível ressalva vem da área econômica. Ao trazer para o governo uma equipe técnica de economistas competentes e odiados pelo PT, como Marcos Lisboa e Joaquim Levy, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci revelou bom senso e salvou a economia que ameaçava naufragar em 2003. E, com a blindagem da diretoria do Banco Central, garantiu sobrevida ao bom desempenho macroeconômico depois que saiu do governo. É esta terceirização de profissionais qualificados e recrutados no mercado - longe do PT - que fez melhorar a economia e pode levar ao crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
Sem comentários:
Enviar um comentário